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A principal caraterística do bullying é a humilhação, que significa tratar com soberba, oprimir, submeter, rebaixar. E a diversão predileta do praticante de bullying é assistir ao sofrimento alheio. O bullying player aprende a sentir prazer na dor do outro.

bullying, via de regra, é público. Mas o agressor ativo é o único alvo de críticas, ainda que na maioria das vezes a agressão ocorra na presença e por influência de outras pessoas que se divertem com a dor do agredido. Estes agressores ocultos não agridem com paus e pedras, mas com sorrisos, olhares e palavras que machucam tanto ou mais. E nem sempre estão na escola.

Escondido atrás do agressor ativo encontra-se o agressor oculto que é o mentor ou incentivador do bullying, quase sempre mais malicioso e perverso que o primeiro. Nunca é identificado e, por isso mesmo, continua agindo indefinidamente na sociedade.

Precisamos nos cuidar para não nos tornarmos incentivadores involuntários do bullying, pois até uma irreverente videocassetada dominical que zomba da dor alheia favorece o surgimento do bullying.

Quando alguém submete um cavalo a arrastar toneladas de peso para divertir a turba com a sujeição do animal, está ensinando às crianças que é possível obter prazer no submetimento do outro.

Quando alguém obriga um boi a correr até o esgotamento e depois arranca-lhe o rabo, quebra-lhe as pernas, espeta-lhe as carnes e sangra-o até a morte, está ensinando às crianças que provocar sofrimento a outro ser pode ser fonte de prazer.

Estamos disseminando a cultura da violência através de puxadas e farras de prazer na dor e na humilhação do outro. E o bullying é apenas uma das muitas facetas desse mal que se reproduz de forma oculta, só para quem não quer ver.

Claudemir Casarin
Psicólogo/socionomista